sábado, outubro 22, 2005

Trago comigo a indelével tristeza

Trago comigo a indelével tristeza
dum findar de dia sem tempo
Resguarda-se a saudade do que não foi
no aconchego de um bosque de névoa eterna
Há um frio de dentro junto ao cigarro que arde
em que o esquecer resiste a um sorriso que lembra
Ainda o dia é ao desaparecer
na hora de pensar estas coisas
em que a vida faz uma pausa
à procura do sossego do que há-de ser
O querer assim acalma o espírito
como a azáfama inocente das coisas inúteis
ou a indelével tristeza que anda comigo

cacilhas, 12/5/93

Fernando Martinho Guimarães, apenas um tédio que a doer não chega,edições fluviais,2005.

(Obrigada).