terça-feira, novembro 22, 2005

Anjo das tormentas

Do meu amigo Mauro, deixo aqui um poema, publicado na revista Cult, número 85, entre outros.

Anjo das tormentas

“eu sei atravessar as fronteiras das coisas” (Cesariny)

os pescadores fecham
a saída e a entrada
da aldeia

encurralam o anjo
mas ele invoca os ventos

os pescadores são muitos
mas não acuam o anjo agora
não por restarem poucos
mas por ninguém ousar
aproximar-se do mistério de sua fúria

o anjo era o terror de cada um
- um terror incógnito -
como uma voz sem corpo
deslocada
que chama
ao lado contrário do ser

Mauro Jorge Santos