Saraband
Alguma vez pensaram que o grande plano é a única figura da gramática do cinema que só no cinema existe e que não é concebível em qualquer outra arte? Pintores pintaram grandes planos, mas o quadro impede-nos de os ver como tal, a não ser que encostemos a cara à tela, em movimento nosso e não da pintura. Não é maneira de a ver, não é movimento suposto ao espectador.
Mas a câmara pode o que o nosso olhar não pode. E a câmara de Bergman pode mais que qualquer outra câmara, mesmo a de Griffith. Neste filme, vai ainda mais longe. Ao acercar-se mais e mais dos quatro rostos e das quatro vozes, para além dos corpos, dá-nos a ver almas. Impossível? Não para esse génio de todos os possíveis, chamado Ingmar Bergman.
João Bénard da Costa, hoje , na Espaço Público.
2 Comments:
estava agora mesmo a ler o texto. É lindíssimo. Gosto quando ele se emociona e conta o filme e fala dos andamentos musicais como quem fala de montagem de imagens e tudo isso de forma tão viva quase que se engasgando na emoção... é o melhor do Benard.
E o filme é mesmo uma coisa única. E dá para ver os outros todos lá dentro. A cena da Fonte da Virgem tinha de ser aquela! ainda me lembro e foi há séculos que o vi no Casino Estoril, em plenas férias de Verão ":O)
É mesmo uma maravilha, quando ele fala com paixão, e é nada formal, usando termos e conceitos , blá blá , técnicos. E depois, ele escreve dos filmes de que eu gosto muito, como The Ghost and Mrs. Muir de Joseph L. Mankiewicz . :-)
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