segunda-feira, janeiro 31, 2005

frase do Porto


Nicola - Frases do Porto - 2004.

cuca


"Quem não lê, não quer saber, quem não quer saber, quer errar."
Padre António Vieira . Delta - Ano Internacional do Livro e da Leitura - 2000


o que é Cuca??
Cuca é o portal online para coleccionadores de açúcar.
Estou parva.
Não haverá um para os coleccionadores de bilhetes de cinema?!
Já vou googlar.

não sei

quem colecciona erratas, será um erratista?

colecciono


quem colecciona postais é um cartofilista. quem colecciona selos é um filatelista. quem colecciona moedas é um nusmimata. quem colecciona cartões de telefones é um coleccionador de cartões de telefone. quem colecciona bilhetes de cinema é um coleccionador de bilhetes de cinema. será isto? acho que é preciso colocar "elástico" na língua portuguesa, porque há coleccionadores sem uma "casa" restrita no dicionário. vamos lá inventar palavras novas.

domingo, janeiro 30, 2005

com sentido obrigatório

I dolci di Alba
Salame e pancetta della bergamasca
I casonsèi
I risotti di Pino capozzi
Lo stracotto di manzo al Valcaleppio con polenta
La trota del Donizetti
Sfogliatine ai funghi porcini
Antipasto del baffo
Insalatina verde ai funghi
Gnocchi al formaggio o Delizia del Posta o Zuppa di funghi
Tagliata al rosmarino
Stracotto con polenta o Stinco di vitello al forno o Faraona del Castello
Composta di gamberi e cappesante con riso venere
Cestino di carciofi e fonduta di formaggio Branzi
Casoncelli alla bergamasca
Lasagnette con pesce spada
i Bianco di Rombo brasato con carcio.fi e patate
Sformato di zucca con lombatina di coniglio alla maggiorana
Filetto di cervo con flan di castagne e salsa al mandarino
Sinfonia di dolci al cioccolato.
Varietà di salumi bergamaschi
Polenta contadina
Trucioli alla rustica
Foiade ai funghi porcini
Trota al cartoccio
Coniglio ai peperoni
Cinghiale in agrodolce
Le crostate di Sonia e Romina

nota deveras importantíssima

Chocolate, com uma carrada histórica de anos,de grande valor nutritivo, o espanhol Valor só se encontra mesmo à venda no supermercado Froiz, que eu saiba. Se alguém souber de outro destinho de compra, que mo diga, porque é uma informação merecedora de muitos quilates.

This Side of the Blue



Svetlana sucks lemons across from me,
and I am progressing abominably.
And I do not know my own way to the sea
but the saltiest sea knows its own way to me.

The city that turns, turns protracted and slow
and I find myself toeing th'embarcadero
and I find myself knowing the things that I knew
which is all that you can know on this side of the blue

And Jaime has eyes black and shiny as boots
and they march at you, two-by-two (re - loo - re - loo);
when she looks at you, you know she's nowhere near through:
it's the hardest heart beating this side of the blue.

And the signifieds butt heads with the signifiers,
and we all fall down slack-jawed to marvel at words!
While across the sky sheet the impossible birds,
in a steady, illiterate movement homewards.

And Gabriel stands beneath forest and moon.
See them rattle & boo, see them shake, see them loom.
See him fashion a cap from a page of Camus;
see him navigate deftly this side of the blue.

And the rest of our lives will the moments accrue
when the shape of their goneness will flare up anew.
hen we do what we have to do (re - loo - re -loo),
which is all you can do on this side of the blue.


Joanna Newsom, The Milk-Eyed Mender [Drag City; 2004]

não há receita para ser feliz

Comprei propositadamente a revista Visão para ler a matéria "o que nos faz realmente felizes". Gosto sempre de saber o que dizem, de novo, os investigadores, na matéria.
Então, das sete páginas, sublinho simplesmente: "A amizade, concluíram os investigadores [Associação Americana de Psicologia], é o tipo de relação que mais contribui para a felicidade".

chocolate quente é sempre chocolate quente



remédio santo: deitar 3 quadradinhos de chocolate a la taza numa chávena , juntar leite quente, misturar e remisturar até ficar espesso, que maravilha!!

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Lorelei

It is no night to drown in:
A full moon, river lapsing
Black beneath bland mirror-sheen,

The blue water-mists dropping
Scrim after scrim like fishnets
Though fishermen are sleeping,

The massive castle turrets
Doubling themselves in a glass
All stillness. Yet these shapes float

Up toward me, troubling the face
Of quiet. From the nadir
They rise, their limbs ponderous

With richness, hair heavier
Than sculptured marble. They sing
Of a world more full and clear

Than can be. Sisters, your song
Bears a burden too weighty
For the whorled ear's listening

Here, in a well-steered country,
Under a balanced ruler.
Deranging by harmony

Beyond the mundane order,
Your voices lay siege. You lodge
On the pitched reefs of nightmare,

Promising sure harborage;
By day, descant from borders
Of hebetude, from the ledge

Also of high windows. Worse
Even than your maddening
Song, your silence. At the source

Of your ice-hearted calling --
Drunkenness of the great depths.
O river, I see drifting

Deep in your flux of silver
Those great goddesses of peace.
Stone, stone, ferry me down there.

Sylvia Plath

terça-feira, janeiro 25, 2005

Fevereiro: 2: Madrid


Federico de Madrazo, La condesa de Vilches.


O Retrato Espanhol- de Greco a Picasso
,
só até 6 de Fevereiro, no Prado.

I'm drunk on the moon

Tight-slacked clad girls on the graveyard shift
'Neath the cement stroll
Catch the midnight drift
Cigar chewing charlie
In that newspaper nest
grifting hot horse tips
On who's running the best

And I'm blinded by the neon
Don't try and change my tune
'Cause I thought I heard a saxophone
I'm drunk on the moon

And the moon's a silver slipper
It's pouring champagne stars
Broadway's like a serpent
Pulling shiny top-down cars
Laramer is teeming
With that undulating beat
And some Bonneville is screaming
It's way wilder down the street

Hearts flutter and race
The moon's on the wane
Tarts mutter their dream hopes
The night will ordain
Come schemers and dancers
Cherry delight
As a Cleveland-bound Greyhound
And it cuts throught the night

And I've hawked all my yesterdays
Don't try and change my tune
'Cause I thought I heard a saxophone
I'm drunk on the moon


Tom Waits

eco na cabeça

"há metáforas por aí??"

eco , de Os figurantes, de Jacinto Lucas Pires.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

... e isto é tudo...

falta um tiquinho para ser lua cheia. linda como já está.

Passagem

Segundo Deleuze /Guatari , "o eterno objecto da pintura: pintar forças, como o Tintoretto " . ( citado por carlos souto sequeira costa, em blue & brown notebooks,por onde caminha o pensamento, de várias artes, música, pintura, literatura, cruzado ; fragmentos, restos, fendas, notas, ruídos, juízos, inquietações, tudo neste fabuloso work-note-not-book).

Contra a inércia

Estou completamente de acordo. Acho uma excelente ideia colocar o mais recente ensaio de José Gil (para mim, continua a ser o melhor ensaísta que nós temos, e basta me ler uma dos mais importantes ensaios de dança, pela a sua cabeça, e ver a sua bibliografia para chegar a muitas conclusões,...), Portugal, hoje, O medo de Existir, no programa escolar, no Secundário.

adorava rever


To Have and Have Not (1944)de Howard Hawks.

Filme que tem uma lição especial, a que se segue:

Slim: (She holds up the bills again.) Uh, sure you won't change your mind about this?
Steve: (affirmatively) Uh-huh.
Slim: This belongs to me and so do my lips. I don't see any difference.
Steve: Well, I do.
Slim: Okay. You know you don't have to act with me, Steve. You don't have to say anything and you don't have to do anything. Not a thing. Oh, maybe just whistle. (She opens his door and pauses.) You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together - and blow.

Fevereiro: 1: Londres


John William Turner, Sunrise with Sea Monsters

Não me importava nada de dar um saltinho até Londres para ver a exposição Turner Whistler Monet. A Tate londrina abre as portas no dia 10 de Fevereiro, para as telas dos três mais populares artistas do século dezanove. E fecha no dia 15 de Maio, fechando o espaço com as telas referentes às visões de Veneza. Well, well, ver quadros do Turner ,e imaginando Veneza, "na marca de água".

dvds

Vão sair em breve pela chancela da Madragoa ou de Atalanta muitos dvds, quer dvds de filmes portugueses, quer de filmes estrangeiros. Eu destaco, como novidade, para adquirir (já que o meu VHS tá muito velhinho): L' Atalante, de Jean Vigo. Filme que deu o nome de Atalanta Filmes.

Passe Cinema

O grupo liderado por Paulo Branco vai lançar em Fevereiro o Passe Cinema.
Ver os filmes que bem entender por um preço fixo mensal e um compromisso de assinatura mensal.

domingo, janeiro 23, 2005

Deserto


Michael Martin, Coyote buttes, Arizona, USA

Jenny Holzer.

sábado, janeiro 22, 2005

Passagem

Para T.S. Eliot, o mundo acabaria not with a bang but a whisper.

quem escuta quem na blogosfera?

O tédio é o pássaro de sonho que choca o ovo da experiência. O restolhar nas folhagens afugenta-o. Os seus ninhos - aquelas actividades intimamente ligadas ao tédio - já desapareceram nas cidades, na província desmoronam-se também. Deste modo se perde o dom de escutar, e se vai extinguindo a comunidade dos que escutam. Contar histórias é sempre a arte de as contar de novo, que se vai perdendo quando as histórias já não são retidas.
Walter Benjamin, O Narrador.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Saraband


Alguma vez pensaram que o grande plano é a única figura da gramática do cinema que só no cinema existe e que não é concebível em qualquer outra arte? Pintores pintaram grandes planos, mas o quadro impede-nos de os ver como tal, a não ser que encostemos a cara à tela, em movimento nosso e não da pintura. Não é maneira de a ver, não é movimento suposto ao espectador.

Mas a câmara pode o que o nosso olhar não pode. E a câmara de Bergman pode mais que qualquer outra câmara, mesmo a de Griffith. Neste filme, vai ainda mais longe. Ao acercar-se mais e mais dos quatro rostos e das quatro vozes, para além dos corpos, dá-nos a ver almas. Impossível? Não para esse génio de todos os possíveis, chamado Ingmar Bergman.


João Bénard da Costa, hoje , na Espaço Público.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

mar apagado

o que eu mais gosto dos blogues é da liberdade. é chegar aqui e dizer completamente nada. livre para dizer tudo, livre para dizer nada.

o meu hino

Il faut être toujours ivre.
Tout est là:
c'est l'unique question.
Pour ne pas sentir
l'horrible fardeau du Temps
qui brise vos épaules
et vous penche vers la terre,
il faut vous enivrer sans trêve.
Mais de quoi?
De vin, de poésie, ou de vertu, à votre guise.
Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois,
sur les marches d'un palais,
sur l'herbe verte d'un fossé,
dans la solitude morne de votre chambre,
vous vous réveillez,
l'ivresse déjà diminuée ou disparue,
demandez au vent,
à la vague,
à l'étoile,
à l'oiseau,
à l'horloge,
à tout ce qui fuit,
à tout ce qui gémit,
à tout ce qui roule,
à tout ce qui chante,
à tout ce qui parle,
demandez quelle heure il est;
et le vent,
la vague,
l'étoile,
l'oiseau,
l'horloge,
vous répondront:
"Il est l'heure de s'enivrer!
Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps,
enivrez-vous;
enivrez-vous sans cesse!
De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise.

Charles Baudelaire

Brief Encounter

the photobook


The Photobook: A History
Volume 1
Martin Parr and Gerry Badger

320 pp.



curiosidade

O farsi é a quarta língua mais utilizada nos blogues.

Passagem

Paris, escreve Walter Benjamin, "ensinou-me a arte de perder-me".

o olhar

O último plano de "Vai e Vem" de João César Monteiro é somente o seu olho fixo e assim em largos minutos. Poderia ser outro, o último plano? Acho que não.

domingo, janeiro 16, 2005

Vai e Vem



O último filme de João César Monteiro vai ser hoje transmitido pelo canal dois, às 23h30.

Passagens

Por causa da reposição da peça Figurantes,no teatro do São João, Fernando Villa-Boas conversa com um dos actores do espectáculo, o "meu" actor de mão cheia, João Reis. A conversa está todinha na publicação "Duas colunas". Começa assim:

O que buscas , com cada personagem?
Procuro espaço, espaço aberto, espaço físico, espaço de pensamento. Um novo espaço, um outro espaço, uma nova dimensão. Estive na Marinha viajei imenso. Mar, basicamente. Pouca terra, e muito mar. Mas o que me frusta nas viagens é a impossibilidade do percurso, de sentir o percurso como ele é. No sentido em que, indo daqui para o Japão, há logo a impossibilidade de fazer a viagem mais de perto, de sentir a matéria-prima a passar, de sentir as imagens e as novas configurações até à chegada. O que me frusta é não fazer o caminho.


Sublinhados meus, pelo os quais me identifico.

Ainda sobre a peça, há um série de fotos no blogue Welcome to Elsinore.

sábado, janeiro 15, 2005

Les Enfants du siècle


On ne badine pas avec l'amour
(libelo de Georg Sand a Alfred Musset)


O amor que se cala não é mais que uma fantasia
e assim me faço forte,tristemente eloquente,
e cheia de palavras que em ti me seduziam,
aviltada uma vez mais pelo cruel que não digo
sem as tuas mãos e sem os cabelos onde neles
entrançava pérfidos dedos: quis imitar
mon cher rien a tua lógica,a tua incerta
paciência,a protecção serena dos teus braços
no interlúnio daquelas noites junto ao Sena,
a tua doçura eventual e a previdente fecundidade
do meu corpo que ao teu corpo se abria.

Amar é surpreendente: mas exige-se um trabalho
rude e uma alta vontade para fazer de uma
paixão doente a virtude em que se crê.
A dor atendo-se a mim como uma sombra
ensinou-me noite e dia uma nova devoção.
Posso duvidar do ser que amei,dizias,
mas não do amor pelo qual a cabeça desnudei.

Paulo Teixeira

e não vejo mais nada!

não, não...este, eu tenho de ter mesmo. olhem só, só esta imagem.


oh gods!

e este aqui,.., pronto, vou ficar falida, em dois tempos.

depois dos museus, as livrarias

eu estou perdida,...,já tive com esse livro nas mãos,...,não, não, eu preciso,...olhem só, só a capa.



apontamento

de noite, adoro visitar museus e depois fechar os olhos no último quadro, pelo qual eu entro e, tê-lo na retina , de novo. nunca sei se ele, depois, voltará aos meus sonhos, porque dificilmente lembro-me do que sonho. contudo, por isso mesmo, adoro dizer que só tenho sonhos surrealistas.

Nada, absolutamente nada

Acho que perco as palavras por estar tão perto delas.

memória

Gostava muito que a RTP Memória colocasse na sua grelha as entrevistas do Miguel Esteves Cardoso ao professor Agostinho da Silva. Alguém se lembra? Elas passaram há uma mão cheia de anos atrás, na RTP1. Adorava rever.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Lisl Ponger



Passagen (1996)

A woman stands alone at the railing of a passenger liner and gazes into the blue. She will remember for us an arrival in New York, the walk of a young couple through Chinatown, the house boats in Shanghai and the excited children who gather round the visitor with the obscure picture machine. Beneath the pictures the sounds of distant lands can be heard and, in parallel, a montage of various memories and people unfolds. People who at some time either left or arrived in Vienna involuntarily. (...)

Lisl Ponger creates an imaginary map of the twentieth century on which the stories of emigration are engraved like well-worn tracks of occidental memory. The pictures, made by observant tourists, are revealed, in their tensile relationship to the soundtrack, as a postcolonial journey. A journey through exactly those countries which long ago have been shrunk together in space and time. Finally the wonderful neon signs of the Hotel Edison and Radio City remind one of the origins of this form of appropriation of the world, of the time of great expeditions, of Benjamin’s shop-windows and passages, and of the time when technical apparatus and means of transportation fundamentally altered the perceptions of modern man.

Christa Blümlinger, 1996

calling you

A desert road from vegas to nowhere,
some place better than where you've been.
A coffee machine that needs some fixing
in a little café just around the bend.

I am calling you.
Can't you hear me?
I am calling you.

[...]

Jevetta Steele

pensar sem papel

Bill Gates proclama guerra ao papel, em defesa do desaparecimento das florestas. Isto faz-me pensar em muitas coisas. Não consigo imaginar uma criança a chegar a escola e ter um computador à sua frente. Ou melhor, a criança vai deixar de ir a escola.

i don´t know why

a bíblia dos cineastas não está traduzida para português.

Há coisas assim

Quase todas as semanas, todos os meses,há um ano e picos, chegam até as minhas mãos, um livro, dois livros de uma pessoa que nunca vi, não sei o nome, pouco sei. Para além dos livros, há sempre fotocópias de crónicas, artigos, afins. Ontem recebi dois, um deles é "Os Cantos de Maldoror" de Isidore Ducasse, Conde de Lautréamont. Mil vezes obrigada.

agenda para o Porto

Dia 16- Casa das Artes- 16h00,21h45- Les Enfants du Siècle, Diane Kurys.
De 20 até 26- Cine-Estúdio do Teatro do Campo Alegre- 18h30,22h00- 8 1/2 , F.Fellini.
30-Casa das Artes-16h00,21h45- Amarcord, F.Fellini.

lendo



O livro deu origem ao filme "A Culpa Humana", com Nicole Kidman e Antonny Hopkins. Mas não vejam o filme, leiam antes o livro.

luta vã

[...]
"Lutar com a palavra
é a luta mais vã.
No entanto, lutamos
mal rompe a manhã".

Carlos Drummond de Andrade

Saraband

Duvido muito que o recente filme de Ingmar Bergman venha até ao Porto. Assim sendo, só me resta ir a Lisboa ou perder a oportunidade de vê-lo em tela.

não estou aqui

O meu Pensamento diz-me que estou muito, muito longe daqui.

Ponto Final

há histórias que não dá para contar.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Não encontro

Não encontro
no meio de todas essas histórias
nenhuma que seja a minha.
Nenhum destes temas me consola.
Espero ardentemente que me telefonem.
Espero que a chuva pare e os trens voltem a circular.
Espero como se estivesse em Lisboa
e sentisse saudades de Lisboa.
Bateriam à minha porta, chegariam os parentes queridos, mortos recentes,
e não me dou por satisfeita. Mas os figurinos na noite de
estréia! imediatamente antes!
A goma, o brilho no camarim!

Ana Cristina César, Inéditos e Dispersos, Editora Ática.


errance

vaivém


Paul Klee, Boats in the Flood.

A vaga verde, aquele navio desesperado,
Aquele navio humano, cheio pelos porões,
Sou eu. Isto é: eu – o navio desarvorado


Vitorino Nemésio

ficções

as ficções da obra-mundo de Borges são poemas na sua horizontalidade.

apontamento

Irigaray é a senhora que fez a pergunta "será que a equação (de Einstein) E = mc2 é uma equação sexualmente marcada?"

quarta-feira, janeiro 12, 2005

na primeira morte não morri

voltei ao local do crime.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Os errantes

Wer abend sind sie, sag mir, die Fahrenden

Os errantes
os fugazes viajantes
que nós somos
buscando sempre a vibração perdida
diariamente caem
da árvore da memória
onde brilha o nome
o melancólico ansiado barco

Oh que percurso essencial
descrevem os errantes
na sua busca em queda abismados
sobre si mesmos voltados
percorrendo
a arriscada síntese do exílio!

E tu
vontade insatisfeita
onde encontrarás
os frutos da árvore do querer
as alegrias do estar e do ser
que nos rompem o peito
de tanto as ansiar?

A rosa do olhar
que na procura reverdece
a todo o instante esquece
o som da queda
e escuta só
o tilintar da sorte
no inventado bolso da esperança
que nos empurra
impele
lisonjeia
num breve sorriso captado
num furtivo afago
ilusão de ternura

Mas logo logo
algo nos arranca o curativo
nos retira o tapete mágico do repouso
nos remete
para a nossa condição de feridos atingidos

E na busca heróica
do instante transfigurado
o activo martírio de prosseguir
faz de nós
eternos estrangeiros mal-amados
desamparados
peregrinos recém-chegados

Ana Hatherly, Rilkeana, Assírio & Alvim.

sábado, janeiro 08, 2005

John Cassavetes, o Pollock do cinema

Fronteiras Perdidas

"-Quando era criança- contou-me ela -,os meninos, na escola, chamavam-me Fronteiras Perdidas, porque em certos dias eu parecia mulata, e noutros acordava com cara de branca. Acho que essa alcunha marcou o meu destino.
Disse-lhe que certos povos, em África, acreditam que o nome guarda, a essência do indíviduo, o seu futuro e o seu passado. Por isso têm um nome público e outro secreto, o verdadeiro, utilizado apenas em cerimónias restritas. Fui inventando a história à medida que a contava. Disse-lhe que, nessas nações africanas, o pior que pode acontecer a alguém é que o seu nome verdadeiro se torne do conhecimento geral. Isso é pior do que morrer. Talvez ela se chamasse realmente Fronteiras Perdidas, e não Raquel (afinal o que é que significa Raquel?), mas seria melhor manter isso em segredo. Raquel riu-se e ofereceu-me um sorvete de pétalas de rosa. Tinha um sabor escuro- a terra molhada- que se estranhava na alma."

José Eduardo Agualusa, Fronteiras Perdidas, Dom Quixote, pp63.

Boas Notícias

1- Saber que a artista Laurie Anderson vai estar no Porto, em Maio, para o Festival de Músicas Codex.

2- Saber que a exposição de homenagem ao Henri Cartier-Bresson, pela mão de Gerard Castello-Lopes, estará no Porto, a partir de cinco de Março.

3- Saber que não vou perder o espectáculo "Publique" de Mathilde Monnier, a partir do universo musical de Polly Jean Harvey. No Rivoli, dia 17 de Fevereiro.

Os invisíveis

A partir de Fevereiro, há "cinema invisível" , na cidade do Porto.

Do inexplicável

Não vale a pena contrariar, por mais que eu tente, blogar é mais do que um vício.

(Re)começo

Primeiro verso de Migrações do Fogo, de Manuel Gusmão:
"Tudo parece ter outra vez começado".

Último verso do último poema:
"E tudo poderá talvez recomeçar".

Wadi Sura, Gilf Kebir



Escritos no deserto

"Muitas vezes nos caminhos da minha vida errante, me perguntei para onde estava a ir e acabei por compreender, entre a gente do povo e os nómadas, que estava a subir até às nascentes da vida, a realizar uma viagem às profundezas da humanidade. Ao contrário de muitos psicólogos subtis, não descobri nenhum sentimento novo, mas recapitulei sensações intensas."

Isabelle Eberhardt, "Escritos no Deserto", Relógio d' Água.

1

Fui. Foi. Fim.