sábado, agosto 13, 2005

Para errância


(c)Nan Goldin.

Il mare è tutto azzurro.
Il mare è tutto calmo.
Nel cuore è quasi un urlo
di gioia. E tutto è calmo.


Sandro Penna.


Antes do Outono cá voltarei. Boas férias a todos.

telhados de vidro

"(...)O filme é uma secreta murmuração e nela participam obliquamente todas as coisas,há a memória de um crime arcaico, maternal,um baptismo no sangue múltiplo daquilo que vive para morrer, e a paixão, o vento das potências que nos extravia, braços abertos, rosto luzindo, um grito contra a parede. Vê como as folhas das árvores palpitam na claridade!Vê como a noite fecha as tuas janelas! É isto. (...)"

Herberto Helder, Telhados de Vidro, nº4, Maio, 2005, pág.116.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Edinburgh 2005

"This is not a documentary and not a political film," he [Sokurov] says. "We all know what happened to Japan: Japan was very aggressive, invaded other countries and had to pay the price. What I was interested in was the art, the life and the people." Sobre o novo filme de Sokurov, "The Sun".

quinta-feira, agosto 11, 2005

Ainda


Ainda antes de Nick Cave, Vincent Gallo vai surpreender. Não espero outra coisa. Como espero (delirando um pouco), com o aparecimento da P.J.Harvey (que, no seu último álbum, dedicou uma música ao artista nova-iorquino)para cantar com Gallo, ou até repetir, "Moon River", como aconteceu, neste ano, em Londres no "The Real Festival Hall". Agora, perfeito também seria se P.J.Harvey, nessa noite, cantasse com Cave "Henry Lee".

Faltam 7 dias



A primeira e a última vez que vi Nick Cave foi em 1998, num festival de rock, que tinha como companheiros de palco-Pulp( excelente concerto, o melhor do festival!)e Moby (encerrou o primeiro dia do festival, com a polícia a interromper o concerto, com a justificativa de que já havia muito barulho para hora que era), entre outros. Ainda me lembro que apareceu de fato azul, não sei se pelo o facto de actuar no campo de treinos do FCP. (Blue Bird). Um dos compositores mais brilhantes da dita música alternativa embalou os milhares de fãs com as suas canções épicas, baladas duras, canções étereas, baladas catárticas. Entre descargas eléctricas e odes ao piano, com as palavras da Bíblia a chover por todo lado. A canção "Where The Wild Roses Grow" foi um dos pontos altos do concerto, ou seja, a não presença de Kylie Minogue fez com que Nick cantasse com o guitarrista, que fez uma interpretção efeminada, caindo no cómico.
Muita canção ficou para trás, ficou para o resto da vida. Agora com esta possibilidade de vê-lo, no Festival Paredes de Coura, espero ouvir as "minhas" músicas e sair de lá com a alma extasiada.
(Será que ele faz surpresa ,de novo, no "Meia Cave"? Oh my Lord!)

passagem

O mar do Algarve é feito de cartão como nos cenários de teatro e os ingleses não percebem: estendem conscienciosamente as toalhas na serradura da areia, protegem-se com óculos escuros do sol de papel, passeiam encantados no palco de Albufeira em que funcionários públicos, disfarçados de hippies de carnaval, lhe impingem, acocorados no chão, colares marroquinos fabricados em segredo pela junta de turismo, e acabam por ancorar ao fim da tarde em esplanadas postiças, onde servem bebidas inventadas em copos que não existem, as quais deixam na boca o sabor sem gosto dos uísques fornecidos aos figurantes durante os dramas da televisão. Depois do Alentejo, evaporado na paisagem horizontal como manteiga numa fatia queimada, as chaminés que se diriam construídas de cola e paus de fosfóro por asilados habilidosos, e as ondas que se diluem sem ruído na praia no croché manso da espuma, faziam-no sempre sentir-se como os bonecos de açúcar nos bolos de noiva, habitante espantado de um mundo de trouxas de ovos e de croquetes espetados em palitos, a imitar casas e ruas.

António Lobo Antunes, Conhecimento do Inferno, 1980.

as omoletes de um filósofo existencialista

Se pensam que Sartre só sabia fazer saladas, estão enganados. O filósofo bem tentou trabalhar nas suas omoletes, bem antes de mergulhar na "Naúsea". Leiam só estas tiras culinárias do seu diário.

quarta-feira, agosto 10, 2005

the stars

Outra chuva. Esta lindíssima de Québec.

terça-feira, agosto 09, 2005

Agosto, sem carro


Vittorio Gassman e Sylva Koscina.
Parlons Femmes, Ettore Scola(1964).


Jean-Paul Belmondo e Anna Karina.
Pierrot le fou, Jean-Luc Godard (1965).

Une Histoire de Vent


No seu último filme,"Une histoire de vent" (1988), Jori Ivens e Marceline Loridan focaram a sua atenção no pensamento antigo chinês. Esta civilização tem um pensamento metafísico sobre a presença e o significado do vento. Um dos livros mais importantes do pensamento chinês, o livro chinês de oráculos, "Yiing", testemunha isso.Com "Une histoire de vent", depois de "Pour le Mistral", o realizador holandês tentou pela segunda vez filmar o invisível: o vento.

(Brevemente, no Cinema Invisível).

Mise en Abyme

O cinema actua nas nossas existências como o processo fílmico de mise en abyme: está encaixado em nós e reproduz a nossa própria vida.

segunda-feira, agosto 08, 2005

onde sopra o vento

(protegida por mim). onde sopra o vento. agosto 2005.

música de bolso

STOP, REWIND, FORWARD, PAUSE, PLAY, RECORD.

domingo, agosto 07, 2005

a ilha deserta

Lá vou eu para a Casa del Libro passear. Já não sei se é boa ideia o retorno da Babelia na internet sem pagamento. Esta ilha deserta é o que eu quero, só que. ("La isla no es otra cosa que el sueño de los hombres, y los hombres la mera conciencia de la isla".)

sábado, agosto 06, 2005

De novo

Fiquei a saber há pouco,no Epicentro, que voltarei a ler a Babelia on-line. Que bom!

sexta-feira, agosto 05, 2005

O quadro infernal


Mark Rothko, Sem título.

Mas que calor!
Esfregamo-nos até doer
nos lençóis salgados
Eterna a hora
em que que acordamos

Para através dos
olhos escaldantes
olharmos a luz
amarela suja, a ofuscante
ausência de árvores

Hans-Ulrich Treichel, Como se fosse a minha vida, Quetzal Editores.

Sunrise: a song of two humans


Em outubro, com nova edição, com mais adições especiais, o sol mais poético do cinema. (Grazie)

On the road

Talvez Francis Ford Coppola realize o seu sonho.

Le Pont Mirabeau

Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu'il m'en souvienne
La joie venait toujours après la peine

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Les mains dans les mains restons face à face
Tandis que sous
Le pont de nos bras passe
Des éternels regards l'onde si lasse

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

L'amour s'en va comme cette eau courante
L'amour s'en va
Comme la vie est lente
Et comme l'Espérance est violente

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Passent les jours et passent les semaines
Ni temps passé
Ni les amours reviennent
Sous le pont Mirabeau coule la Seine

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure


Guillaume Apollinaire.

(Muito Obrigada.)

quarta-feira, agosto 03, 2005

cinememória


Amanhã, às 22h30, no canal RTP Memória, "Mata-Hari", com Greta Garbo e Ramon Novarro.

"(...) Diz-se que a famosa bailarina Mata-Hari pediu, antes de ser fuzilada, um par de luvas brancas novas. Não quis morrer com as mãos descobertas."

in "Histórias das Coisas" por Pancracio Celdrán (Ed. Notícias).

mar nem sempre

Ontem fiz um post com uma fotografia e dois versos, com a tónica no mar. Estranhamente hoje "agosto, o mar, como sempre" desapareceu. Haverá alguma caixa no blogger a perguntar "Magia" ou "Sem Magia"? Vou errar dentro de casa.

terça-feira, agosto 02, 2005

Agosto, os quadradinhos

Agosto, os versos

"O mês de agosto tem consigo os desencontros do verão. Os
dias são longos, e talvez por isso chegamos ao fim deles a pensar que
não houve princípio.(...)"

Nuno Júdice, "Dia de desencontros", Cartografia de Emoções, Pub. Dom Quixote.

Agosto, as bicicletas


(c)Manuel Alvarez Bravo,Bicicletas en domingo,1966.

Não há desculpa para perder as "Vozes da Imagem", de Manuel Alvarez Bravo. Esta luz não se perde.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Agosto, os filmes


Suddenly, Last Summer, de Joseph L. Mankiewicz.

Nos próximos dias, no cinema Invisível, como programação de Verão, os seguintes filmes:
Le Rayon vert,de Eric Rohmer;
Suddenly, Last Summer, de Joseph L. Mankiewicz;
Le Grand bleu, de Luc Besson;
From Here to Eternity, Fred Zinnemann;
A Eternidade e um Dia, de Theo Angelopoulos.

Obrigada. (Acertaste em cheio).

por um poema (lindíssimo) regressamos.