terça-feira, novembro 29, 2005

enquanto troco de chapéu, só dá para isto

Jã não tenho 27 anos, mas de qualquer modo é sempre bom ouvir o estupendo Hermand Düne cantar que se sente velho, em tal idade. Aqui "not on top"(mp3)

Em conjugação com a minha idade, canta Elliott Smith, "Thirteen" (mp3)+ 17.

segunda-feira, novembro 28, 2005

when

quinta-feira, novembro 24, 2005

fotografias lindíssimas

the desert sessions



Pensava eu que já conhecia todas as músicas, b-sides, rarities, sabe-se lá mais o quê, da rainha do rock (para mim), Polly Jean Harvey. Até que há dias descobri que o álbum dos The desert sessions 9 and 10, chamado "I see you hearin' me", para além do conhecido dueto com Josh Homme, em "crawl home",há mais três músicas-"there will never be a better time","a girl like me","powdered wig machine"- em primeira linha, com P.J.Harvey. Ou melhor, há mais voltagem, perigo, mistério, energia. "There will never be a better time" é poderosa!
Imperdoável tal falha minha!

quarta-feira, novembro 23, 2005

Drawing Restraint 9



Björk fala sobre o seu novo trabalho em New York Magazine.

It’s a project that, like many of the works of these two protean experimental artists, is so avant-garde as to risk ridiculousness when summarized. But let’s give it a try: Filmed on location in Nagasaki Bay onboard the Japanese whaling ship Nisshin Maru, Drawing Restraint 9 combines sculpture, music, architecture, and performance to explore the relationship between resistance and creativity. Central to the project is a vast, liquid “sculpture” of a Vaseline-like substance called the Field, suggestive of whale fat. As the film unfolds, with a lingering attention to aesthetics that will be familiar to viewers of Barney’s famous Cremaster Cycle, the substance shifts, disintegrates, and ruptures; the changes in its physical form sublimate the movements of the Guests—Barney and Björk—who arrive on the ship to be groomed and dressed by geishas.

terça-feira, novembro 22, 2005

Anjo das tormentas

Do meu amigo Mauro, deixo aqui um poema, publicado na revista Cult, número 85, entre outros.

Anjo das tormentas

“eu sei atravessar as fronteiras das coisas” (Cesariny)

os pescadores fecham
a saída e a entrada
da aldeia

encurralam o anjo
mas ele invoca os ventos

os pescadores são muitos
mas não acuam o anjo agora
não por restarem poucos
mas por ninguém ousar
aproximar-se do mistério de sua fúria

o anjo era o terror de cada um
- um terror incógnito -
como uma voz sem corpo
deslocada
que chama
ao lado contrário do ser

Mauro Jorge Santos

A voz de Leonard Cohen


Respondendo aqui, para mim, a voz masculina com mais pinta é a do Leonard Cohen.

domingo, novembro 20, 2005

Collectus



A Collectus "serve também de exemplo positivo na tarefa de reabilitação comercial do centro da cidade do Porto."

Público | Local Porto | 20 de Novembro de 2005.

sábado, novembro 19, 2005

Microgramas de Robert Walser



Para a Cris,

Lapicerías geniales

En una carta de 1927, Robert Walser mencionó haber padecido tiempo atrás un "tedio de la pluma" que le indujo a cambiar de material de escritura y servirse del lápiz y de todo tipo de papel: hojas de calendario, avisos de cobro, sobres, galeradas, recibos, incluso el margen de los periódicos.

La inquebrantable ingenuidad

Walser es el más extraño de los escritores, pero su extrañeza no es sombría. Lo asombroso, lo que resulta extraordinario en Walser es que vivía sus fantasías poéticas, como el resto de la humanidad vive sus ambiciones, o dicho de un modo más taxativo: nunca perdió la ingenuidad. Una ingenuidad que no tiene nada de ignorancia o de inconsciencia. Oskar Loerke, uno de los pocos críticos que saludó fervorosamente sus libros, logró una definición exacta del carácter de Walser: "Su ingenuidad es tan espontánea que después de ser destruida por la conciencia, se presenta tan segura e incólume como si fuera natural".

El País| Babelia | 19 de Novembro de 2005.

Sibila

Para a Ale ler à Lolita, nos intervalos de "The Sea, the sea" :Rotundidad intuitiva .

Rascunho

[...]
para quê, afinal, tantos braços
-tanta escrita-
para dormir apenas
e sonhar o que fomos
quando éramos o sono de um outro?


Ale

(obrigada :-) )

Harold Pinter: O sobressalto

"[...] E é uma das benções da informática: há manhãs em que chega um mail assinado Harold. E agora sei que essas mensagens amigas, divertidas, lacónicas, atentas, são depois de ele ter bebido o sumo dessas uvas que dão pelo nome de "arando", espremidas pela mulher, Lady Antonia Fraser. Foi o que revelou ao Guardian de 14 de Outubro: o primeiro olhar de cada manhã é para a mulher e para a maneira como ela lhe prepara o sumo. É nessa banalidade que ele vê o sobressalto, essa a sua poesia."

Jorge Silva Melo | Visão |20 de Outubro de 2005

sexta-feira, novembro 18, 2005

It´s a blog world after all

"A blogoesfera é uma realidade para a IBM, SAP, Microsoft ou Chrysler. Como definiu a revista americana precursora Fast Company, "It´s a blog world after all", ou seja, é bem possível que as empresas que eram invisíveis no passado, quando não tinham site, se tornem invisíveis hoje, se não tiverem um blog."

Novembro 2005 | Exame | 169.

quinta-feira, novembro 17, 2005

El silencio

Oye, hijo mio, el silencio.
Es un silencio ondulado,
un silencio,
donde resbalan valles y ecos
y que inclina las frentes
hacia el suelo.

Federico Garcia Lorca

(Gracias :-) )

quarta-feira, novembro 16, 2005

curiosidade

Há quem chegue ao meu blogue, através deste barco, através desta imagem.Curioso que sejam várias vezes.

La marche de l'empereur


© Bonne Pioche

O meu recente vício musical: "To the dancers on the ice",Emilie Simon.

Directamente da minha pasta de sons, eis aqui.

Cinco, entre outros

Respondendo aqui, então os meus cinco romances, escritos em português, nos últimos trinta anos, são:

Em Nome da Terra, Vergílio Ferreira;
De Profundis, Valsa Lenta, José Cardoso Pires;
O Anjo Ancorado, José Cardoso Pires;
Grito, Rui Nunes;
Onde vais, drama-poesia?, Maria Gabriela Llansol.

Os poetas são coleccionadores

Como nasce um poema?

Em andamento.
Com os pés assentes na terra, com as palavras na cabeça. Do movimento nasce um ritmo, as palavras aproximam-se, imagens acompanham-me a passada, até me forçarem a parar e a escrevê-las. É então que nasce o poema: das coisas por que passámos. Que atravessámos. Que fizemos. Só está vivo aquilo que se mexe. Os poetas são coleccionadores. "Procuram com paciência para encontrar por acaso" (Valéry).

Ulla Hahn, "ARS POETICA Para os que gostam de fazer perguntas",A sede entre limites, versão de João Barrento, Relógio d'Água.

terça-feira, novembro 15, 2005

Anschool II



No passado domingo vi, em Serralves, a exposição mais douda, mais caótica e mais livre.No meio do caos de palavras escritas nas paredes, como palavras de ordem, de logotipos, de textos de poetas e de filósofos, de cadeiras de escola dispostas na sala, de papelão, de fita-cola, de globos, de publicidade, de televisões, de videos, etc e mais etc. Ou seja, tudo o que vai cair no ângulo de ver o mundo, de Thomas Hirschhorn. Ou melhor, tudo isso em que se resume no seu olhar de ver o mundo, como ele entende, com todas as injustiças que a humanidade mostra todos os dias. Tudo isso é a energia da sua arte. Entre salas, pelas salas, tanta é informação que é impossível chegar os olhos ao seu total, caminha-se, pergunta-se, e voltamos a perguntar, as perguntas que não se fecham.
Há resmas e mais resmas de folhas, de várias cores, com textos, com entrevistas de Thomas Hirschhorn. Da brochura que trouxe, para além da sua "biblioteca de emergência, que achei muito interessante, gostei desta passagem, entre outras:
"Não preciso da filosofia para o meu trabalho como artista; preciso da filosofia como ser humano. Mas não esqueço a maravilhosa resposta de um filósofo à pergunta. "Que pode a filosofia fazer?: "A filosofia pode trazer tristeza"."
A minha ideia não era escrever sobre a exposição, nem um por cento está aqui, porque acho que tudo que pudesse ser dito sobre a exposição não substituiria, não complementaria, e, na verdade, diria muito pouco sobre ela. É uma exposição para se estar, para ser lida, pelos os nossos próprios olhos.

domingo, novembro 13, 2005

Anschool





(c)a batalha do material. novembro 2005.

"A tentativa, o objectivo, de "Anschool" e "Anschool II" proclamar a liberdade absoluta da arte, da autonomia absoluta da arte e a vontade absoluta da arte de existir apenas como arte. O que significa que a arte está preparada e tem capacidade para lutar a qualquer momento e em qualquer contexto pelas suas condições: Liberdade, Autonomia e Existência. "Anschool" e "Anschool II" querem evitar a glorificação, o distanciamento e a visão de conjunto."

Thomas Hirschhorn,Aubervilliers,14.2.2005.

Até 29 de Janeiro, a "não-escola" de Thomas Hirschhorn, em Serralves.

o consolo da fotografia


(c)Jeff Wall, A Sudden Gust of Wind (after Hokusai),1993.

Que bom!! Há uma retrospectiva da obra fotográfica de Jeff Wall, na Tate de Londres.Que vontade de ir a Londres.

* título retirado da melhor notícia do El País,na Babélia,de ontem.


(c) Jeff Wall,Insomnia,1994.

Até 8 de Janeiro na Tate de Londres.

sexta-feira, novembro 11, 2005

La persévérance


(c)Gilbert Garcin,La persévérance.

terça-feira, novembro 08, 2005

Gostos que perduram - I

Gosto de cidades com história, Florença, Veneza, Roma. Gosto de me viciar em músicas, em álbuns, em vozes, numa frase de uma canção, que não ouço há séculos.
Gosto da primavera, do verão, do outono, do inverno, e do outono especialmente. Gosto de viajar, de errar, de passear,de me perder em cidades conhecidas, de me perder em terras desconhecidas. Gosto de boas energias, de bom-humor, de boa disposição.Gosto do tempo em que fui guarda-redes de andebol e não gosto da minha frustação de não ter seguido o desporto. Gosto dos romances de Vergílio Ferreira e não gosto de ter começado a adorá-los aos 17 anos, erro meu, pensar muito na morte, tão cedo. Gosto da melancolia do blues, da voz sofredora de Billie Holiday. Gosto de ouvir a chuva a cair, de crepúsculos, de auroras. Gosto de sonhar que, um dia, ainda vou fazer um safari em África. Gosto de acreditar que, um dia, ainda vou coordenar um projecto de solidariedade. Gosto de pensar que a vida vale a pena. Gosto de imaginar que, noutra vida, serei um gato, e que terei toda a liberdade do mundo para passear nos estúdios de cinema. Gosto de sonhar que, noutra vida, farei um curso de cinema em Nova Iorque. Gosto de montanhas, da paz das montanhas. Gosto de comboios, de apanhar comboios sem conhecer o destino. Gosto de achar que o sorriso é a melhor arma que tenho. Gosto de guitarras, de guitarradas, de Jimi Hendrix. Gosto de "A vida", Picasso, o meu quadro favorito, que descobri num selo francês.Gosto de descobrir, de ser muito curiosa. Gosto de estar com amigos, de jantaradas, de rir muito. Gosto de rir do absurdo. Gosto de ver o tempo a passar em bibliotecas, em livrarias. Gosto de nadar, de olhos abertos. Gosto de toda a paixão que o tango tem. Gosto de fotografar doudices. Gosto do mar inteiro, de escutar o marulhar. Gosto de cerejas.

Gostos que perduram

Eu gosto muito da obra de Thomas Bernhard, talvez por ele conhecer muito bem estas palavras de Shakespeare: “Life’s but a walking shadow, a poor player/That struts and frets his hour upon the stage/And then is heard no more. It is a tale/Told by an idiot, full of sound and fury/Signifying nothing.”


Hiperligação memória:Sexta-feira, Outubro 24, 2003

Evolution



Better call the ships
They've been caught sailing
Better call the captain
He’s been caught stealing
Better call the porter man
He’s been caught leaving
Better call all the guys on the deck
They’ve been caught with no feeling
Better call the fisherman
'Cause they’re coming on land
Better call the head nurse
Wrap us up, to throw us in the dark
Better call with some resistance
Better way to feel no shame
Better call with some persistence
That way you feel nothing at all
Better call on evolution
Better way to make a revolution
Better make your mind up quick
Better make your mind up quick

Cat Power, You are Free.

sábado, novembro 05, 2005

vende-se

quem disse que os blogues não valem um tostão?
já há blogues à venda no ebay e com solicitadores(reais ou não) à espera, como este.

quarta-feira, novembro 02, 2005

boas aberturas

A abertura de uma nova loja de coleccionismo ("Collectus"), amanhã. (Travessa de Cedofeita 8A/8D).

A abertura da Livraria Index, no fim-de-semana passado.(Rua D. Manuel II.)

A reabertura da Livraria Latina, hoje. E agora com três pisos, com stock duplicado, e sem a gigante estante, em que precisávamos de fazer um marabalismo para chegar ao livro.

as minhas sugestões II



Findou neste fim-de-semana,a exposição("Palabra de Corsario") mais completa de homenagem aos trinta anos de ausência de Pier Paolo Pasolini (assinalados hoje), no Centro de Belas Artes, em Madrid. Um livro culmina a exposição, com o mesmo título da exposição, que englobou exposições, colóquios, ciclos de cinema e um congresso.


Palabra de Corsario
Circulo de Bellas Artes
349 pgs.

as minhas sugestões I


Nada
Carmen Laforet

Cavalo de Ferro, 2005.


(A editora "Cavalo de Ferro" está a editar com um ritmo de galope, ou eu estou muito desatenta ao que se edita por cá. Acho que é a primeira).

receita médica

Alexandra,
uma vez ao pequeno almoço,
duas vezes depois do almoço,
e três depois do jantar.
vais tomar este remédio, até ficares boa:
E como eram as ligas da Madame Bovary?
de Francisco Umbral.

Teorema

Diante do espelho vê rostos além do seu
e a loucura é reconhecê-los entre os mortais
esses rostos silenciosos e esquivos
tão fácil seria chamá-los
celestes

Mas ela era terrena tão por terra
conduzia a ondulação dos sentimentos
não a entendem?
Ela deixava quebrar os vasos só para os ouvir
porque tudo tem uma voz mesmo as coisas mudas
e o silêncio é uma ímpia forma de desobediência
Ela marcava um por um
Umbrais códices colheres
Para que tudo estivesse unido
Sob o frio ordenado do visível

De noite porém afundava-se no lago
e lá adormecia
De noite levava a espingarda à janela
e ficava a ouvir não os tiros
mas o incrível silêncio que sucede a cada tiro
De noite dizia-se vacilante e perdida

Depois vinha o dia e a rasura
a repetida ordenação que os acentos concedem
às palavras
a quase paixão que jamais tocava os seres
sempre só a sua representação

José Tolentino Mendonça, Longe Não Sabia.