No passado domingo vi, em Serralves, a exposição mais douda, mais caótica e mais livre.No meio do caos de palavras escritas nas paredes, como palavras de ordem, de logotipos, de textos de poetas e de filósofos, de cadeiras de escola dispostas na sala, de papelão, de fita-cola, de globos, de publicidade, de televisões, de videos, etc e mais etc. Ou seja, tudo o que vai cair no ângulo de ver o mundo, de Thomas Hirschhorn. Ou melhor, tudo isso em que se resume no seu olhar de ver o mundo, como ele entende, com todas as injustiças que a humanidade mostra todos os dias. Tudo isso é a energia da sua arte. Entre salas, pelas salas, tanta é informação que é impossível chegar os olhos ao seu total, caminha-se, pergunta-se, e voltamos a perguntar, as perguntas que não se fecham.
Há resmas e mais resmas de folhas, de várias cores, com textos, com entrevistas de Thomas Hirschhorn. Da brochura que trouxe, para além da sua "biblioteca de emergência, que achei muito interessante, gostei desta passagem, entre outras:
"Não preciso da filosofia para o meu trabalho como artista; preciso da filosofia como ser humano. Mas não esqueço a maravilhosa resposta de um filósofo à pergunta. "Que pode a filosofia fazer?: "A filosofia pode trazer tristeza"."A minha ideia não era escrever sobre a exposição, nem um por cento está aqui, porque acho que tudo que pudesse ser dito sobre a exposição não substituiria, não complementaria, e, na verdade, diria muito pouco sobre ela. É uma exposição para se estar, para ser lida, pelos os nossos próprios olhos.